A Austrália fazia parte do
supercontinente Gondwana (América do Sul, África, Índia, Antárctida), que se desagregou
há cerca de 140 milhões de anos, tendo-se separado da Antárctida mais ou menos
há 50 milhões de anos. O território de que falamos compreende quase 8.000.000
km2, sobre a placa indo-australiana, ocupando uma área total igual aos EUA
(excluindo o Alasca). Este “continente-ilha” é o menor de todos, o mais plano,
o mais seco, o que contém os solos mais antigos e menos férteis do mundo (só
cerca de 6 % é terra apropriada para a agricultura). A Austrália compreende o
continente australiano, a ilha da Tasmânia e diversas outras ilhas dos Oceanos
Pacífico e Indico. Tem 34.000 km de costa e inclui a Grande Barreira de Coral,
o maior recife de corais do mundo (mais de 2.000km). Na Austrália, tudo é
grande, tudo é extenso e o outback (o deserto) ocupa a maior parte do
território. Os seus 21 milhões de habitantes partilham o espaço com uma variada
gama de espécies animais, algumas únicas no mundo.
A singularidade da fauna
australiana pode ter causas geológicas e climatológicas: o isolamento do
continente levou a que o território escapasse a parte das mudanças climáticas
globais e a estabilidade tectónica possibilitou uma sobrevivência de espécies
superior à verificada noutras zonas do planeta.
A fauna
australiana contempla mais de 800 espécies de aves (cerca de 300 endémicas da
Australásia – Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné), 46 espécies de mamíferos
marinhos e inúmeras espécies venenosas (ornitorrinco, aranhas, escorpiões,
polvos, medusas, serpentes), mais de 4000 espécies de peixes. No que respeita a
animais endémicos deste território, encontramos 83% dos mamíferos, 89% dos
répteis, 90% dos peixes e insectos, e 93% dos anfíbios. Salientam-se ainda duas
características únicas: escassez de mamíferos placentários e abundância de
marsupiais (animais-fêmeas com bolsa abdominal onde se desenvolvem as crias,
como é o caso dos cangurus).
Animais como o
coala - um dos marsúpios mais conhecidos e acarinhados e que não é assim tão
dócil como parece (em situações de stress ou perigo, pode emitir um odor
desagradável, muito semelhante ao da doninha fedorenta). Ou o canguru - 50
espécies diferentes que exigem um controlo criterioso, dado o rápido
crescimento e disseminação da população, e que nunca foi oficialmente declarado
como emblema nacional da Austrália, embora todos o vejam dessa forma. Ou ainda
o digno, o cão selvagem australiano ; o crocodilo-de-água-salgada - o maior
crocodilo do mundo, que pode alcançar 7 metros de comprimento ; o pássaro-lira,
o gato-tigre, a taipan-costeira - a cobra mais venenosa do mundo. Aliás, a
Austrália é o único continente do mundo onde o número de répteis venenosos é
superior ao dos inócuos. Ou o curioso ornitorrinco - mamífero cujo veneno nem
sempre é mortal mas causa dores imensas por longo tempo, e é
uma das mais
estranhas criaturas do mundo animal; todos eles se passeiam pelos desertos do
interior australiano, pelas zonas costeiras, pelos rios e, alguns, até pelas
cidades.
É também na
Austrália que encontramos a Aranha de Costas Vermelhas, a mais letal deste
território, da família da Viúva Negra. Preta, com uma linha vermelha nas
costas, é igual à que morde Peter Parker no filme Homem Aranha (aqui,
apresenta-se azul) e tão frequente que o seu antídoto se pode comprar em
diversos estabelecimentos comerciais (e não exclusivamente em hospitais ou
farmácias).
Outra espécie
perigosa, a jellyfish ou Vespa-do-Mar, é o ser vivo mais venenoso do mundo:
corpo em forma de bola de basquetebol, com tentáculos que chegam aos 5 metros.
O seu veneno mata em 2 minutos e uma única descarga pode vitimar 60 homens.
Mesmo morta, o veneno continua activo por cerca de 24 horas.
Outro animal
emblemático da Austrália é o Demónio da Tasmânia, herdeiro do extinto Lobo da
Tasmânia (o último exemplar morreu em cativeiro, em 1936), nome derivado da
forma como a espécie comunica entre si: com guinchos (“gritos”), que os
aborígenes consideram ser a “fala” dos demónios, e por apresentar as orelhas
vermelhas quando irritado ou prestes a atacar. É o maior marsupial carnívoro
que existe hoje neste território
O isolamento
de que a Austrália beneficiou durante séculos foi alterado a partir dos séculos
XVII e XVIII, com a chegada de colonos, sobretudo europeus, com a caça
desenfreada, com a introdução de espécies não nativas, com a destruição de
habitats naturais e o uso não sustentável do solo, que provocou a extinção de
algumas espécies animais. O impacto humano foi fortemente negativo e levou ao
desaparecimento de 27 espécies de mamíferos e 23 de aves, e à necessidade de se
recorrer à criação de áreas protegidas por leis muito rigorosas. Nos últimos
dois séculos, como resultado directo da actividade humana, 10 espécies e 6
subespécies de marsúpios desapareceram deste território.
A Austrália assinou a Convenção sobre a Diversidade Biológica, em 1992,
que levou ao Acto de Protecção do Meio Ambiente e da Conservação da
Biodiversidade (1999), legislação que protege toda a fauna nativa e veio
regulamentar a investigação científica sobre as espécies ameaçadas, criando um
catálogo das mesmas, para cada zona do continente. Actualmente, estão
classificadas como “em perigo” ou “sob ameaça” cerca de 380 espécies. Sendo
habitat de algumas das espécies animais mais mortíferas do mundo, não deixa de
ser significativo reconhecer o esforço que tem sido feito no sentido de
proteger todos os animais em perigo de extinção, venenosos ou não, uma vez que
todos têm um lugar no ecosistema e quando uma espécie desaparece, é todo um
conjunto de habitats (incluindo o humano) que é afectado O respeito e a coexistência”pacífica” estão
assim no primeiro lugar das prioridades dos governos australianos no que
concerne à vida animal.
Aqui umas
imagens desses seres bizarros :
|
Serpente Tigre |
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Escorpião do bosque |
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Polvo dos anéis azuis |
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Crocodilo de agua salgada |
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Serpente taipan |
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Vespa do mar |
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Demônio da tasmânia |
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Aranha de costa vermelha |
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Aranha Tent |
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Canguru |
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Coala |
|
Medusa pontilhada |
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